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Estado de Minas 50 ANOS DE HISTÓRIA/ESPECIAL

Duca Leal é a musa da canção mais romântica do disco "Clube da Esquina" 5g6j3k

Garota à frente de seu tempo, eram dela o vestido azul da letra e o coração de Márcio Borges, autor de "Um girassol da cor do seu cabelo"


10/03/2022 04:00 - atualizado 11/03/2022 06:37

Duca Leal sorri, olhando para a câmera, com os braços atrás da cabeça
Duca Leal viu ''Clube da Esquina'' nascer em Mar Azul e nos estúdios da Odeon, no Rio. Em abril, ela lança livro sobre aqueles tempos (foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A Press)

Mesmo que a amizade seja uma forma de amor, canções propriamente românticas não são dominantes na temática do “Clube da Esquina”. A exceção é “Um girassol da cor do seu cabelo”, de Lô e Márcio Borges. “Ela se eternizou como a minha principal música romântica. A gente nunca foi de fazer canções de amor derramadas. Tenho essa e outras poucas”, conta o letrista Márcio Borges ao Estado de Minas, na quinta parte da série de reportagens dedicada aos 50 anos do álbum.

“Um girassol da cor do seu cabelo” tem a sua musa. Com 66 anos, ela vive em um sítio em Betim, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Duca Leal conheceu Márcio Borges aos 15 anos. Eles se casaram em 1971, viveram mais de uma década juntos e tiveram dois filhos.

“Ele compôs o ‘Girassol’ quando a gente tinha acabado de se casar. Só participei como inspiração. Quando cantou para mim, achei linda demais. Ele disse: ‘É pra você’”, revela Duca ao EM.
“Eu não era loura, mas na noite em que a gente se conheceu, logo após o Brasil ganhar a Copa de 1970, ele pegou a mecha do meu cabelo, botou contra a luz e disse: ‘É da cor de um girassol’”, diz.

Já o vestido que se eternizou no verso “a Terra azul da cor de seu vestido” era real. “Adolescente rebelde, queria me casar em casa vestida de cowgirl, mas nossas famílias horrorizaram. Acabamos nos casando na Igreja da Pampulha, sem véu nem grinalda, mas com um vestido lindo azul-clarinho”, lembra.

Duca Leal está abraçada com Márcio Borges, atrás de Juscelino Kubitschek, no dia em que o ex-presidente JK se encontrou com a rapaziada do Clube da Esquina, em Diamantina. Sentado com ele, no banco, estão Lô Borges, Fernando Brant e Milton Nascimento
Duca Leal está abraçada com Márcio Borges, atrás de Juscelino Kubitschek, no dia em que o ex-presidente se encontrou com a rapaziada do Clube da Esquina, em Diamantina. Lô Borges, Fernando Brant e Milton Nascimento estão sentados no banco com ele (foto: Luiz Alfredo/O Cruzeiro/EM/3/11/71 )


“As cenas são bastante reais”, conta Márcio. Ele havia recebido a melodia de Lô para letrar como uma das tarefas para o álbum. ou a semana em Santa Tereza e depois foi viajar com a companheira. A única divergência nas versões do ex-casal é que enquanto Márcio diz que fez a letra quando namorava Duca, ela garante que já estavam casados. Apenas um detalhe.

Ambos concordam: estavam indo para Nova Era, para a casa de tios dela. Durante a viagem, a melodia não saía da cabeça de Márcio. E os versos foram surgindo.

“A letra funciona como cinema-olho, fui falando das coisas que estava percebendo: o vestido azul jeans desbotado, o campo de girassóis pelo qual amos na viagem. Fiz uma canção de amor pra ela e me derramei nesses versos. Era o protótipo do otimismo, né? ‘Se eu morrer…’ Oras, claro que eu vou morrer. ‘Quando eu morrer’ seria o certo (risos). Coisa da juventude. Hoje, aos 75 anos, penso diferente”, observa.

Apelidada de Indiazinha, Maria do Carmo Leal, a Duca, morou com Márcio nos fundos da casa dos Borges. Depois se mudou com ele para o Rio de Janeiro. Acompanhou as criações do então companheiro para o “Clube da Esquina”, assistiu às gravações na Odeon. “Eu saía do colégio e ia pra lá. Não tinha participação ativa, mas ficava curtindo o som. Conversava pouco com os meninos, pois estavam todos muito envolvidos”, comenta.

Duca foi com Márcio para o casarão da Praia de Mar Azul, em Niterói, visitar Lô, Milton Nascimento e Beto Guedes durante a elaboração do disco. “Me sentia muito bem com Bituca. Era muito calado, mas eu tinha uma ligação com ele. Como era muito nova em relação aos meninos – nove anos a menos que o Marcinho –, ficava 'voando' nas conversas sobre política, filosofia, sociologia. Eles não interagiam tanto comigo, era uma coisa meio ‘a mulher do Marcinho’”.

Duca e Márcio se separaram em 1979, reataram e permaneceram juntos até 1984. Ela se aposentou como bibliotecária e massoterapeuta, teve mais um casal de filhos e é avó de cinco netos.

Em abril, Duca lança “Histórias de outras esquinas”, livro sobre seu envolvimento com o Clube. “Eu e Márcio não somos tão próximos, mas trocamos mensagens e temos notícias um do outro por meio de nossos filhos. Tenho muito carinho por ele, além de iração e respeito por sua obra. Ele escreve muito lindo, né">

"Em 1972, eu tinha 8 anos de idade e comecei a trabalhar em uma loja de discos em Catolé do Rocha (PB). O que mais me chamou a atenção, primeiramente, foi a capa, que não tinha artistas, e sim uma criança branca e outra negra, amigos, né? Os meninos da capa deviam ter mais ou menos minha idade. Minha música preferida é 'San Vicente', por trazer algo de América Latina que de certo modo já vicejava em mim. A sonoridade me chama a atenção também. Canções em que não apenas as letras e melodias são importantes, mas também os timbres, os arranjos, a liberdade dos músicos poderem se expressar com veemência. E também o fato de ser um coletivo é muito interessante e pedagógico para quem vem depois, juntar artistas que se identificam, se iram, não precisando estar amarrados por uma banda" 392j47

Chico César, cantor e compositor 4q5u61

 
 
Leia nesta sexta-feira (11/3): O mutirão criativo que Milton Nascimento mobilizou, múltiplo como as pétalas de um girassol, formado por talentos brasileiros e internacionais.
 
 

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