A deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) voltou a confrontar o Supremo Tribunal Federal (STF) e o ministro Alexandre de Moraes. Em entrevista à CNN Brasil, afirmou que não teme ser presa fora do país, apesar de ter sido condenada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a dez anos e seis meses de prisão pelos crimes de invasão aos sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e inserção de dados falsos, ocorridos em 2023.
“Eles vão tentar me prender na Itália, mas eu não temo, porque sou cidadã italiana e lá eu sou intocável”, declarou a parlamentar, que atualmente está nos Estados Unidos e anunciou que pretende se estabelecer na Itália, país do qual também tem cidadania.
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Segundo Zambelli, a Justiça brasileira não teria meios para solicitar sua extradição. “Não há o que [o ministro] Alexandre de Moraes possa fazer para me extraditar de um país onde sou cidadã”, disse. “Estou pagando para ver um dia desses.”
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Apesar das declarações, a Procuradoria-Geral da República (PGR) protocolou um pedido de prisão preventiva contra a deputada. A solicitação, feita ao STF, corre sob sigilo e foi confirmada pela CNN. O órgão considera que a saída do país, sem aviso prévio, somada à condenação e ao risco de fuga, justifica a medida.
“Não estou fugindo”
A deputada, no entanto, nega que esteja foragida. Alega que deixou o Brasil para fazer um tratamento médico, inicialmente em Miami, e que deseja retornar ao país para concluir seu mandato na Câmara dos Deputados — o qual se encerra apenas em 2027. “Quero voltar, mas preciso ter a oportunidade de me defender legitimamente”, afirmou.
A viagem de Zambelli ao exterior ganhou repercussão após ela comunicar, por meio de uma live nas redes sociais, que estava fora do Brasil. Pouco depois, a CNN revelou que a deputada arrecadou pelo menos R$ 285 mil em uma vaquinha virtual aberta para custear sua defesa. O valor foi obtido entre março e maio de 2024, período em que ela também já se articulava para deixar o país.
Fuga com histórico
Zambelli tem protagonizado embates frequentes com o Supremo Tribunal Federal, especialmente com o ministro Alexandre de Moraes, relator de diversos inquéritos que investigam a atuação de parlamentares bolsonaristas. A condenação no caso do CNJ se refere a uma invasão digital feita por um hacker contratado por aliados da deputada para fraudar dados e simular decisões do sistema do Judiciário.
Não é a primeira vez que Zambelli desafia diretamente as instituições. Nas vésperas do segundo turno da eleição de 2022, ela foi flagrada sacando uma arma e perseguindo um homem negro pelas ruas dos Jardins, em São Paulo, episódio que segue sendo investigado.
Com a nova fase do processo e a possibilidade concreta de prisão, Zambelli a a ser a primeira parlamentar bolsonarista com mandato a se afastar do Brasil após condenação. O destino, agora, parece ser a Itália — onde, segundo ela, nenhuma ordem de Moraes teria alcance.
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A Justiça brasileira, por outro lado, deve intensificar os esforços diplomáticos e jurídicos para tentar efetivar a punição. A cidadania italiana não impede, em tese, o cumprimento de acordos de cooperação internacional — inclusive tratados de extradição e cooperação penal europeia.