IDENTIDADE CULTURAL

Minas é o estado com mais patrimônios reconhecidos pela Unesco; saiba quais

Dos 15 patrimônios brasileiros, quatro se encontram em território mineiro. Além disso, estado tem o único título concedido a um bem gastronômico no Brasil

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O reconhecimento de um bem cultural, seja ele material, imaterial ou natural, está profundamente ligado à valorização e proteção da identidade e da tradição de um povo. Dessa forma, o patrimônio é uma forma de garantir a preservação da memória para as futuras gerações.

“Existe o direito à memória, então quando tratamos de patrimônio, estamos preservando um direito à memória que a sociedade como um todo, nossa coletividade, possui”, explica João Paulo Martins, Presidente Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico (IEPHA).

Minas Gerais se destaca no cenário nacional como o estado com mais patrimônios culturais reconhecidos pela Unesco: dos 15 patrimônios brasileiros, quatro se encontram em território mineiro (conheça cada um deles abaixo). O estado também possui o maior número de municípios com políticas locais de patrimônio. 

Martins explica que o estado se empenhou na proteção dos bens culturais desde o início do século XX, quando o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) tombou vários conjuntos arquitetônicos mineiros em 1938. Na época, houve o entendimento de que cidades como Ouro Preto, Mariana, Congonhas, Diamantinas, Serro, Tiradentes e São João del-Rei faziam parte da construção da identidade nacional. Segundo João, como antigas vilas coloniais, elas representam a absorção de vários aspectos da cultura ibérica e a conformação do que viria a se tornar o Brasil. 

Além disso, em dezembro de 2024, os “Modos de Fazer o Queijo Minas Artesanal” foram reconhecidos como Patrimônio Cultural Imaterial da Unesco. Esse foi o primeiro título concedido a um bem gastronômico no Brasil. 

Minas também está investindo no reconhecimento do Parque Nacional Cavernas do Peruaçu como seu primeiro Patrimônio Natural da Humanidade. Criado em 1999, o Parque compreende uma área de 56.448 hectares e abrange os municípios de Januária, Itacarambi e São João das Missões, na região norte de Minas Gerais. No local há mais de 140 cavernas e mais de 80 sítios arqueológicos que preservam parte da arte rupestre encontrada no país.

O presidente do Iepha defende a necessidade de políticas públicas específicas de promoção e preservação da identidade local. Ele explica que essas medidas impactam, também, no turismo e na economia. 

“Entendendo que o patrimônio, as referências culturais, são uma forma de salvaguarda e de criação de políticas públicas. Isso é muito importante. O turismo internacional, ou mesmo local, aumenta, assim como ações de interesse de divulgação e promoção desse bem. O reconhecimento do queijo Minas Artesanal, por exemplo, levou esse olhar para regiões do interior de Minas”, analisa Martins.

Processo de reconhecimento 

Para ter um patrimônio reconhecido pela Unesco, o país deve ser signatário da Convenção Internacional para o Patrimônio Mundial. Então, deve submeter um dossiê com a proposta de candidatura do bem a ser avaliado. 

“Em geral, essa candidatura tem que ser endossada por mais de um país, não basta, por exemplo, só o Brasil apresentar uma candidatura, ele tem que haver o endosso de outras nações signatárias apoiando”

Então os técnicos da Unesco fazem visitas e estudam esse bem até o momento que eles entendem que o processo está apto a ser deliberado pela Convenção da Unesco onde é feita uma votação para poder ser declarado Patrimônio da Humanidade.

A partir desse momento, os órgãos locais de preservação assumem o compromisso de cumprir diretrizes acordadas com a Unesco, de valorização e promoção do patrimônio, para que esse título não seja retirado.

Patrimônios da Humanidade em MG

Ouro Preto

Patrimônios reconhecidos pela Unesco

Matriz de Nossa Senhora da Conceição, em Ouro Preto. No local, esta sepultado o Aleijadinho

Edesio Ferreira/EM/D.A Press

O estado inaugurou a participação do Brasil na lista da Unesco com o reconhecimento da Cidade Histórica de Ouro Preto como patrimônio mundial em 1980. As ruas de pedras e construções no estilo colonial marcam a paisagem do município que teve origem com a exploração do ouro durante o séc. XVII. No século seguinte as construções aram a ser de pedra e cal, refletindo a crescente riqueza proveniente da mineração e do trabalho escravo.

Ouro Preto prosperou até se tornar a sede da Capitania das Minas Gerais em 1711, quando ainda se chamava Vila Rica de Albuquerque, somente deixando o posto em 1897, quando a sede do governo estadual se tornou Belo Horizonte. Como uma das cidades mais importantes do Brasil no período colonial, artistas como  Aleijadinho e Manoel da Costa Athaíde puderam criar obras no estilo barroco que destacaram a cidade na arquitetura nacional e mundial. 

O local também foi palco da Inconfidência Mineira, um dos principais movimentos pela independência da colônia em relação a Portugal, que terminou com a morte de Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes. 

Atualmente, Ouro Preto apresenta uma vida cultural e artística importante para a região e segue com o extrativismo de pedras preciosas e outros minerais, que são usados para produzir joias e o tradicional artesanato em pedra sabão, por exemplo. Com isso, o turismo se tornou uma das principais atividades da cidade.

Santuário do Bom Jesus de Matosinhos

Patrimônios reconhecidos pela Unesco

Basí­lica de Bom Jesus de Matozinhos, em Congonhas.

Daniel Silva/Divulgação

Cinco anos depois foi a vez do Santuário do Bom Jesus de Matosinhos receber o título de patrimônio mundial. O local começou a ser construído na segunda metade do século XVIII e fica no centro histórico de Congonhas, na Região Central do estado. 

O conjunto consiste em uma igreja no estilo rococó de inspiração italiana, na escadaria externa decorada com estátuas em pedra sabão e pelas seis capelas que representam a Via Crucis de Jesus Cristo, chamadas de os, que abrigam 66 esculturas em tamanho natural. Estas ficam no aclive frontal do santuário.

Segundo a Unesco, as esculturas policromadas de Aleijadinho são obras-primas de uma forma de arte barroca altamente original, comovente e expressiva.

Centro Histórico de Diamantina

Patrimônios reconhecidos pela Unesco

Diamantina comemora 20 anos do Titulo de Patrimônio Cultural da Humanidade. Na foto, vista geral de Diamantina.

Juarez Rodrigues/EM/D.A Press

O Centro Histórico de Diamantina foi reconhecido como Patrimônio Mundial em 1999. Localizada na Serra do Espinhaço, na Região do Vale do Jequitinhonha, a cidade se desenvolveu a partir da exploração do diamante no século XVIII, característica que deu origem ao nome do município. As ruas de pedra e arquitetura de origem portuguesa são as principais características de Diamantina.

Na área de tombamento estão localizados monumentos como o Museu do Diamante, a Biblioteca, as residências nobres e as igrejas, como a de Nossa do Carmo e a Igreja de São Francisco.

“O reconhecimento de Diamantina foi muito interessante. Na época, os técnicos da Unesco que vieram avaliar a candidatura entenderam que, além do conjunto urbano propriamente dito, as questões ambientais e paisagísticas também deveriam ser valorizadas. Então todo o conjunto em torno do perímetro urbano de Diamantina, que é a Serra dos Cristais, também foi incluído para ser preservado”, conta Martins.

Em abril deste ano, a cidade esteve no centro de uma polêmica que colocou seu título em risco. A prefeitura de Diamantina asfaltou a Rua da Bola e, dias depois, recebeu um alerta do Conselho Internacional de Monumentos e Sítios (Icomos), organização não governamental global associada à Unesco, sobre o risco da intervenção para o reconhecimento pela instituição. O governo municipal alega que o local se encontra fora do perímetro tombado e que não houve objeção ao asfaltamento por parte do Iphan.

Conjunto Moderno da Pampulha

Patrimônios reconhecidos pela Unesco

Vista aérea do Museu de Artes da Pampulha (MAP).

@estev4m/Esp. EM/D.A Press

O mais novo patrimônio da humanidade reconhecido pela Unesco em território mineiro foi o Conjunto Moderno da Pampulha, que inclui um salão de baile, o Golfe Iate Clube e a Igreja de São Francisco de Assis. Os edifícios projetados pelo arquiteto Oscar Niemeyer estão localizados no entorno de um dos principais cartões postais de Belo Horizonte: a Lagoa da Pampulha.

O conjunto, reconhecido em 2016, faz parte de um projeto visionário de cidade-jardim para a capital mineira criado em 1940 e, segundo a Unesco, apresenta formas arrojadas que exploram o potencial plástico do concreto, fundindo arquitetura, paisagismo, escultura e pintura em um todo harmonioso. 

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Completam esse patrimônio cultural os painéis em azulejos da Igreja de São Francisco de Assis criados por Cândido Portinari, as esculturas de Alfredo Ceschiatti e José Alves Pedrosa, e os jardins do paisagista Roberto Burle Marx.

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